Deu no Política Livre de Raul Monteiro.
O prefeito João Henrique (PMDB) pode ter usado seu encontro oficial, na última segunda-feira, com o governador Jaques Wagner (PT) para mandar um recado ao ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). A avaliação é de fontes que procuraram o Política Livre esta manhã.
Segundo as mesmas fontes, João Henrique irritou-se com uma discussão que teve com o ministro, depois de desentenderem-se quanto a uma rearrumação pedida por Geddel no secretariado a fim de acomodar o ex-secretário estadual Batista Neves (Infraestrutura) e um quadro do PDT, que o ministro tenta manter sob a órbita do PMDB.
Por este motivo, o prefeito teria resolvido, com a ida ao governador, mostrar que, além de possuir autonomia, hoje o ministro precisa mais dele do que ele de Geddel. Daí, ter relatado o desentendimento com o ministro ao governador, adversário declarado do peemedebista na corrida sucessória.
Segundo as mesmas fontes, João Henrique estava certo de que, dado o momento de estremecimento nas relações entre PMDB e PT, a reaproximação com Wagner, depois de meses de desentendimentos e troca de farpas publicamente, geraria a boataria e as especulações hoje presentes no noticiário.
“O prefeito não tem espaço para apoiar o PT nem Wagner na sucessão estadual. O que ele quis mesmo é mandar um recado muito claro ao ministro”, disse ao Política Livre um secretário muito próximo de João Henrique, acrescentando que o prefeito não esconderia hoje estar magoado com Geddel.
No encontro com Wagner, o prefeito teria relatado ainda ter sido “ofendido” na conversa pelo ministro e que sua mulher, a deputada estadual Maria Luíza (PMDB), também está afastada há muito tempo de Geddel. Segundo o relato dele ao governador, as divergências começaram por causa de uma exigência do líder peemedebista.
O ministro teria pedido a cabeça dos secretários Carlos Soares (Educação) e Antonio Abreu (Obras). O primeiro, apesar de manter relações com o PDT, é muito ligado a João Henrique. Abreu foi indicado pelo PP, partido que acabou de formalizar uma aliança com o governador.
O prefeito teria contraargumentado junto a Geddel que estava disposto a ajudá-lo, mas que ele teria também que abrir mão de alguma das cinco secretarias que indicou na administração para que chegassem a um acordo. Neste ponto, Geddel teria reagido e os dois se desentenderam.
O PMDB nega o conflito, bem como a exigência do ministro ao prefeito João Henrique. Argumenta que tem sua própria cota de secretários municipais e que não há sentido em abrir espaço hoje na administração para quadros que deixaram o governo estadual, “porque já cumpriram o seu papel”.
