Do site Comunique-se.
Para o cientista político e professor aposentado da USP, Leôncio Martins Rodrigues, a censura imposta desde 31/07 ao Estado de S. Paulo é um caso típico de clientelismo e patrimonialismo que prejudica a consolidação da democracia e o desenvolvimento do País. Hoje o caso de censura ao Estadão completa 80 dias.
“O caso mostra como o poder público brasileiro não consegue se afastar dos interesses particulares. Forma-se uma rede que une e mistura interesses familiares, econômicos, de relações de amizade e de parentesco, que assegura a ascensão política e econômica por meio do controle de setores do Estado, e torna muito difícil a racionalização e profissionalização do serviço público. Houve alguma melhora ao longo dos anos mas, especialmente no Nordeste, o progresso foi bem menor”, declarou.
O caso que calou o Estadão, para Rodrigues, demonstra a força e capacidade de pressão de lobbies políticos, no caso da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no qual seu filho, o empresário Fernando Sarney, entrou com a ação contra o jornal, que foi aceita pelo desembargador Dácio Vieira, ligado ao senador.
Com a decisão tomada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), o professor teme a intolerância contra a sociedade civil, imprensa e os jornalistas. “Ninguém gosta de ser criticado, contudo é das normas das sociedades democráticas que os que se consideram ofendidos busquem reparação nos tribunais que, por sua vez, devem ser prudentes a fim de evitar que a alegada defesa dos direitos individuais sirvam, de fato, para ferir a liberdade de opinião, um dos valores da democracia.”
Com informações de O Estado de S. Paulo.
