Alguns motivos me levam a elogiar o filme que assisti ontem (sábado/14), no tradicional Cine Santa Clara (Ilhéus), onde até o final da década de 80, ninguém podia entrar vestido com uma bermuda (entrei também de sandálias havaianas, os tempos mudaram).
O filme é muito carinhoso com a cultura afro-brasileira, trata o candomblé com respeito, revelando através de imagens que apelam para o imaginário místico e altamente representativo em relação à natureza, características de orixás importantes, como Iansã e Exu. O candomblé, religião genuinamente brasileira, é reverenciado em sua riqueza simbólica, o que representou para mim, também uma espécie de desagravo, já que é vítima constante do preconceito gerado pelo “ortodoxismo cristão protestante”, refratário e cego diante de uma visão plural e compreensiva, sobre as culturas que colocam o cristianismo de lado.
Mas, o filme não é só candomblé, é essencialmente capoeira, evidenciada através de uma adaptação livre, bem montada sobre a história de “Besouro Mangangá”, capoeirista e ícone importante, jamais esquecido, sempre homenageado nas rodas que se formam no Brasil e pelo mundo afora.
As cenas de lutas são empolgantes, já que respeitam a malícia, a mandinga dos movimentos que nos chamam a atenção, que fixam a capoeira justamente pelo seu diferencial: espetáculo, musicalidade, dança e precisão no uso do corpo.
O diretor João Daniel Tikhomiroff trouxe técnicos chineses, que trabalharam com Ang Lee em “O tigre e o Dragão”, especialistas na montagem de cenas onde os lutadores voam. Os efeitos especiais contribuíram com a narração do misticismo intrínseco ao personagem, que segundo a história, influenciada pelas lendas, era capaz de fugas espetaculares, “ele voa”.
A música do grupo pernambucano Nação Zumbi, com o auxílio de Gilberto Gil, cumpre bem a sua função, ao se manter próxima das “ladainhas”, dos cânticos da capoeira, sem deixar de lado, o “estado de espírito” de um super-herói.
O filme não fica preso na história. A proposta é entreter com qualidade, divertir com “brasilidade”. É bom dar uma conferida, antes que o Santa Clara e o Starplex de Itabuna tirem de cartaz.
Clique aqui para acessar o site oficial do filme.

Uma resposta
Dinate de tantas bobagens do cinema nacioal e internacional, assistir BESSOURO é definitivamente fabuloso.Além da belissima história ainda tem as belas imagens da Chapada Diamantina.È momento lindo do nosso cinema, é preciso ousar sempre.