BLOG DO GUSMÃO

ASCENSÃO E QUEDA DE MURICY

Por José Luiz Teixeira para o Terra Magazine.

muricyFiquei feliz em ver o Palmeiras perder para o Grêmio, esta semana, em Porto Alegre, mas não foi apenas por ser são-paulino.

Minha alegria se deveu, principalmente, ao fracasso do modelo autoritário e truculento representado pelo treinador Muricy Ramalho.

Ensinei meus filhos a não torcer contra nenhum time de futebol. Acho que nossas manifestações tem de ser sempre a favor da nossa equipe, não contra as outras. É uma atitude mais civilizada, digamos assim.

Nesse caso, porém, quando o Palmeiras sofreu seu primeiro gol, quase me comportei como alguns jovens e fanáticos vizinhos que colocam a cabeça para fora da janela e gritam como se estivessem no meio da Torcida Independente.

Minha implicância com o atual treinador do Palestra Itália não é pessoal. Eu até simpatizava com ele no início de seu trabalho no São Paulo. Depois de alguns jogos, entretanto, sua postura passou a me incomodar.

A qualquer erro, Muricy grita e xinga os jogadores na frente de todo mundo – jornalistas, torcedores nas arquibancadas, telespectadores na frente da TV. Só falta segurar um chicote. Confunde autoridade com autoritarismo, firmeza com estupidez, seriedade com mau humor, segurança com arrogância.

Quando tem em mãos um time formado por jogadores humildes e submissos, esse tipo de técnico dá certo. Funcionou por duas ou três temporadas no São Paulo. Mas já entrou em decadência. Os resultados estão aí para comprovar.

O Palmeiras estava em primeiro lugar na tabela quando seu técnico era o Jorginho, amigo dos jogadores. Bastou Muricy assumir para o time entrar em decadência.

Em contrapartida, o São Paulo e o Flamengo chegaram aos primeiros lugares depois de contratar dois técnicos – Ricardo Gomes e Andrade – que para o mundo da bola podem ser considerados “gentlemen”.

Ora bolas de futebol! Os atletas são pessoas adultas, profissionais, pais de família. Não podem ficar levando bronca de seu superior na frente de seus amigos, esposas, filhos, seja lá quem for.

Um atleta gritar com o outro, no calor da partida, faz parte do jogo. Nesse caso, são iguais, não existem desníveis hierárquicos formais entre eles. Quanto ao “professor”, ele até pode dar um ou outro puxão de orelhas em seus comandados, mas que seja no vestiário, em particular.

Ser maltratado em público por um técnico, um chefe de repartição, um diretor de redação – ou outro capataz qualquer – é desestimulante e humilhante, merecendo processo por assédio moral.

Essa minha aversão a chefes truculentos vem desde pequeno, pois meu pai também tinha a péssima mania de ralhar comigo na frente dos amigos, o que me matava de vergonha. Meu trauma deve vir daí.

Pelo menos, ele parou com isso quando me tornei adulto. Não é o que fazem muitos chefes e patrões mal-educados que tratam seus subalternos sem a menor cortesia.

Quando comecei a trabalhar na Imprensa – logo depois de Gutenberg ter se aposentado -, toda a esquerda paulista venerava um ícone do jornalismo que havia dirigido o “Estadão” e a “Folha de S. Paulo” (Não cito seu nome por respeito aos mortos, que não podem se defender).

Eu também tinha certa admiração por aquela importante figura, até ouvir histórias do modo grosseiro como ele tratava os “boys” da redação e outros subalternos mais humildes. Tirei-o do meu panteão de heróis.

Gostaria de saber se quando ele estava nervoso também destratava o Seu Frias, dono da “Folha”. Aí, sim, teria meu respeito.

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