Por Evorah Landi.
Acordei hoje pela manhã com essa frase em minha cabeça; estava atordoado, nem imaginava de onde isto viera, só tinha a certeza de que não era uma autoria minha, mas bem que poderia adotá-la, pensei; pois, em contato com livros fico muitas horas dentro de casa e não sinto mais vontade de ir lá fora, onde sei que brilha a luz do sol e que tem gente caminhando pelas ruas, porém prefiro viver os meus dias de folga acomodado, inerte, lendo na penumbra da minha sala.
Ufa! Isso me faz lembrar Franz Kafka, o dono da frase e a sombria atmosfera de uma de suas melhores obras: “A Metamorfose”; faz tempo que a li, mas ela é extremamente atual, mesmo sendo escrita em 1912, época do momento histórico que ocorreu a crise da “Bélle Époque” que antecede a Primeira Guerra Mundial e o autor está em meio a uma crise existencial.
E talvez seja por isso que neste livro fica caracterizada a desesperança do ser, a falta de resposta para as questões mais simples e o pessimismo em relação ao futuro; neste clima “A metamorfose” é agressiva, mordaz, verídica e de resgate a valores perdidos. Existem muitos estudos psicológicos desta controversa obra apontando para os estados antagônicos que vivem o ser humano onde depois da fase coletiva vem à solidão, o isolamento, até chegar à neutralidade e finalmente a morte.
O caixeiro-viajante Gregor Samsa acorda pela manhã em seu quarto transformado em um inseto nojento o qual não se sabe exatamente qual é, talvez uma barata ou outro animal repelente qualquer. O jovem trabalha em uma loja de tecidos é o mantenedor da família; pai desempregado, mãe dona de casa e uma irmã ainda em primeiros estudos.
Diante do espanto geral, choros e decepções da família ao imaginar a opinião pública, acaba por confinar o ser inumano ao quarto e a partir daí assumem a responsabilidade quanto à manutenção da casa, o pai emprega-se, a mãe costura e a filha passa a fazer pequenos serviços domésticos, e assim o protagonista metamorfoseado acaba descobrindo que de mantedor importante para a família transformas-se em um peso, e o tratam como se ele não mais existisse.
Um belo dia, num esforço para enfrentar a situação e mostrar-se aos pais, ele deixa os seus aposentos para a sala onde se encontra família que, perplexos com aquela figura disforme, a irmã num ímpeto de coragem, pegando uma vassoura parte para cima do irmão-barata que se refugia de volta ao quarto. Contratam então, uma empregada totalmente insensível a dor do moço, que o enxota constante mente para debaixo da cama enquanto lhe limpa o quarto. E, finalmente, para alivio de todos, a barata inútil e repelente sucumbe aos maus tratos da família e acaba morrendo de tristeza.
Neste livro vê-se claramente a intenção do autor em demonstrar aquilo que realmente somos e que valemos quando tentamos ser diferentes e discordando da maioria dos seres humanos, criando situações antagônicas, principalmente em casos em que diz respeito à aparência, força produtiva e opção sexual, religiosa ou filosófica.
Ao invés de ser visto com um ser disforme, o jovem personagem queria apenas que a família se lembrasse de tudo que tinha feito por eles em anos de trabalho estafante e submisso a patrão exigente, desejava tão somente que eles o vissem não como um inseto, mas a sua alma que dá vida e movimento ao seu corpo independente de qual seja a sua forma, mas descobre que só existe na sua família a incompreensão e a hipocrisia. E, sucumbe à tristeza!
Oh! Após encerar estes escritos acaba de me ocorrer um pensamento terrível; lembrei-me que acordei esta manhã me sentindo muito mal. A cabeça zonza, o corpo não obedecia bem aos meus movimentos e, não consigo me enxergar direito!
Oh! Isso não é possível, preciso ir rápido para um espelho, tenho quase certeza que me metamorfoseei em uma barata!…
[email protected]

Respostas de 4
Kafka, Fantástico! (Praga, 3 de julho de 1883 — Klosterneuburg, 3 de junho de 1924) teve uma vida
atribulada, marcada por muitos desenganos;
talvez, problemas familiares parecidos ao do seu
personagem Gregor Samsa.
Morreu vitima da tuberculose, uma doença insidiosa,
sem cura naquela época. Pediu a
Max Brod, seu grande amigo, para destruir
todas as suas obras após sua morte. O que, felizmente
não o fez.
Ao analisar mais a fundo este livro
de Kafka, fiquei pensando que a
Metamorfose do Caixeiro Samsa,fora devido ser ele
um provedor da casa, sustentando pais
e irmã, tenha sido uma metáfora.
Na verdade ele havia sido despedido do
seu trabalho e ficado em casa, parado,
sem prover o sustento da família, fora
transformado por esta em um inseto asqueroso.
O sentimento de incompreensão, hipocrisia e
falta de gratidão, daqueles a que tanto ajudara
o mataram de tristeza!!!
Li esse livro, e gstei muito da abordagem dele referente ao que consideramos exencial e o que somos ou achamos que somos para os outros .vc diz q prefere debruçar em livros a estar em contacto com luz etc, talvez assim pensar que e exencial a algo ou para alguem. tss uma pena q caixeiro-viajante Gregor Samsa quando percebeu a sua insignificancia ja estava transformado em um bicho que ate hj niguem sabe q foi.ainda assim ele disse ” O tempo é teu capital; tens de o saber utilizar. Perder tempo é estragar a vida.” bonne chance.
É, fico imaginando quanta gente assemelhando-se a Gregor Samsa, envolvidas em inúteis causas; e só se dá conta do que realmente representa para os outros quando já se lhe esgota o capital tempo. Aí será muito tarde para recuperá-lo!A vida que lhe resta já estará irrevogavelmente estragada!
Como disse Machado:
“(…)Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las a morte, e contá-las assim:
-Outra de menos…
-Outra de menos…
-Outra de menos…
-Outra de menos…
(Memórias Postumas de Brás Cubas página 54)
Franz Kafka é o meu escritor preferido. Estimo que tenham gostado! Estou preparando uma Resenha de um outro livro dele, que por sinal é o que mais admiro! Aguardem.