BLOG DO GUSMÃO

A MORTE DO PRESIDENTE ITAMAR, OS 80 ANOS DE FHC E A IMPRENSA

Por Emílio Gusmão

O primeiro presidente a despertar a atenção deste blogueiro, quando menino, foi o general João Figueiredo (1979 a 1985), derradeiro do regime militar. Encerrou seu período com todo o peso do fracasso da ditadura em suas costas.

Com José Sarney (1985 a 1990), o primeiro presidente civil após 21 anos dos milicos, não foi muito diferente. Deixou o Palácio do Planalto certo de ser fragorosamente vaiado, após descer a rampa. O contentamento de vê-lo deixar o poder sufocou os gritos de um final ainda mais melancólico.

Fernando Collor (1990 a 1992) colocou a democracia em risco. Fracasso econômico, confisco nas contas bancárias, falência do cinema nacional (fim da Embrafilme), redução do poder aquisitivo dos aposentados (negou o reajuste de 147%), impeachment e por pouco suicídio (Brizola o aconselhou a não seguir o exemplo de Vargas).

Este blogueiro sempre foi um admirador de Leonel Brizola, um nacionalista-trabalhista, maior construtor de escolas da nossa história. Também fui petista, e assim como muitos, acreditava piamente no Plano Real como um golpe para vencer as eleições de 1994. A teoria conspiratória, formulada por Brizola, recebeu a aceitação dos trabalhadores. Vale lembrar a chapa Lula (presidente), Brizola (vice) nas eleições daquele ano.

A história provou o contrário. Hoje é possível analisá-la sem a cegueira partidária e ideológica.

Itamar Franco foi o primeiro presidente, visto por este blogueiro, a deixar o governo com alto índice de aprovação (83%). Lembro que ao tomar posse, fez questão de apresentar diante da imprensa, a sua declaração de bens (outros também o fizeram, mas de maneira protocolar). Determinou ao ministro da previdência, Antônio Brito, o pagamento imediato do reajuste de 147% aos aposentados, negado pelo antecessor.

Itamar criou todas as condições políticas para a implementação do Plano Real. Depois da nomeação de FHC como ministro da fazenda, consciente do acerto, costumava dizer: “eu acredito mais em Fernando Henrique, do que ele em si”.

Em 1993, deu o aval para que FHC (não tem formação em economia) reunisse a equipe de “economistas modernos” para a formulação do Plano Real. Itamar decretou o fim da hiperinflação.

Em novembro de 1993, afastou o amigo de muitos anos e homem de confiança, Henrique Hargreaves, então ministro chefe da casa civil, denunciado na CPI do orçamento, por ter desviado dinheiro público. Provada a inocência, o reconduziu à função.

Devolveu a área da antiga sede da UNE, no Rio de Janeiro, aos estudantes, e comemorou a decisão tomando chope com a direção da entidade, no Lamas (choperia carioca).

Teve condições de aprovar no congresso a emenda da reeleição. Sempre foi contra e manteve a coerência. FHC também era, mas na presidência trabalhou pela aprovação e conseguiu (na época surgiram denúncias sobre compras de votos).

Em 1998, após rejeitar convites de outros partidos, Itamar tentou ser candidato a presidente pelo PMDB (o único que poderia impedir a reeleição de FHC). Os fisiológicos do partido conseguiram atraí-lo, e depois numa convenção suja, desrespeitosa e com momentos de humilhação, lhe aplicaram uma rasteira. O resultado foi comemorado no Palácio do Planalto. FHC, Michel Temer, Jader Barbalho e José Sarney posaram de mãos dadas.

Solteiro, aproveitou muitas oportunidades. Não era adepto do falso moralismo.

No último mês (junho) muitos setores da imprensa comemoraram junto com o PSDB, os oitenta anos de FHC, reverenciado como o “Pai do Real”. A morte do presidente Itamar e sua repercussão, bem como a análise do seu legado político, feita por alguns historiadores nos canais de TV, restauram a verdade e o reconhecimento que lhe é merecido.

Sua morte deixa uma lacuna. Entretanto, propiciou a grande parte da imprensa, desviar a memória do ninho tucano, e refletir sobre o papel do verdadeiro autor político do Plano Real.

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Respostas de 4

  1. “A Ditadura,Regime Militar”, no Brasil, como queiram chamar foi a última auternativa de evitar e livrar o Brasil de uma guerra civil e livrar o Brasil do Comunismo Internacional, que queriam implantar no Brasil.O Regime Militar foi útil e necessário, porém um dia tinha que acabar e acabou.Hoje vivemos em um país democratico.Todos ex-presidentes do Regime Militar,deram sua contribuição para que o Brasil tornasse uma democracia.Castelo Branco, Costa e Silva, Emílio Garrastazú Médici, Ernesto Geisel estadista da liberdade, foi pelas mãos do ex-presidente que foi assinado a Lei de Anistia, que devolveram os direitos políticos aos exilados voltar ao Brasil, votar e ser votados.Muitos deles hoje ocupam cargos públicos de Ministros,Deputados,Senadores,Governadores etc.A Lei de Anistia 6.683/79 foi ampla geral e irrestríta. Gal. João Batista Fiqueiredo, foi o último dos ex-presidentes militares, coube a ex-presidente Figueiredo devolver a democracia ao povo brasileiro.Ainda pelo voto de eleição indireta o Congresso Nacional elege Tancredo Neves e José Sarney, presidente e vice presidente do Brasil.Com a morte de Tancredo Neves, assume o destino da Nação o vice José Sarney, foi um desastre a administração de Sarney.Por eleição direita foi eleito o primeiro Presidente após o Regime Militar, Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás e Itamar Franco, Collor envolvido em corrupções teve seu mandato cassado pelo Congresso Nacional, coube a Itamar Franco dirigir os destino do País, criou junto do FHC o plano real, fortalecendo a nossa moeda, com a grande conquista de uma moeda forte , FHC foi eleito presidente por dois mandatos a frente do Executivo.Eleito o metalúrgico Luiz Inácio(Lula), que comandou o Executivo por dois mandatos, membros do seu alto escalão teve envolvimentos com mensalão, mensalinho,mais saiu do governo fortalecido com mais de 89% de aprovação dos eleitores, fes sua sucessora a Presidente, Dilma Rousseff, que já enfrentou em seu governo álgumas crises políticas, mas continua fortalecida junto ao eleitores mais de 50% dos brasileiros em seis meses de governo acha a Presidente , ótima, vamos apostar que ela termine o governo como Lula em alta popularidade.Enquanto crises financeiras explode pelo mundo afora,EUA,Europra,China,Japão,países árabes, nos brasileiros estamos voando em céu de brigadeiro.
    Os militares foram o “Caminho para a Liberdade”.

  2. Concordo plenamente com o comentário do Sr. Kalif Rabelo. E Sr. blogueiro, discordo quando diz o “fracasso da ditadura”. Deveria ter dito o “fracasso do regime militar”. Mas mesmo assim discordo quanto ao fracasso. Não houve fracasso, muito pelo contrário. Houve um enorme sucesso. A finalidade única e prescípua do regime militar implantado era de retirar o governo das mãos de um iniciante ditador socialista (João Goulart ou Jango) e evitar que grupos terroristas ligados as ditaduras socialistas como Cuba, China e URSS properassem impondo medo e terror à sociedade pacífica brasileira, tentando implantar a famigerada e facínora ditadura socialista. Assim, logo após a eliminação total do risco a que sofria a nossa grandiosa nação, ocorreu a devolução do governo para as mãos de civis, estes agora eleitos de forma democrática sem qualquer risco de que houvesse uma mínima chance de ruptura da verdadeira democracia com a implantação da ditadura comunista/socialista. A demora para o retorno as mãos de civis (20 anos) somente ocorreu devido ao fato da existência de inúmeros grupos terroristas ligados aos ditadores socialistas (como o sanginário Fidel), tentando estabelecer uma ditadura socialista no Brasil. Figueiredo como último presidente militar já era esperado. A transição, como todos sabem, foi pacífica pois já era o previsto, ou seja, o fim do temor da ditadura socialista proporcionaria o retorno do governo civil.
    Sr. Blogueiro, respeito a sua admiração pelo “de cujus” Leonel Brizola, contudo não me correspondo a essa sua admiração, pois considero esse falecido homem um grande fanfarrão, pai de uma péssima roqueira viciada em drogas. Brizola foi, quando governador do Rio, um dos maiores responsáveis pelo recrudescimento do crime organizado nos morros cariocas (talvez facilitando o vicio de sua filha). Em 64, além de comunista convicto defendendo a implantação da ditadura socialista, ainda deu asilo a seu cunhado, João Goulart, defendendo até aos últimos momentos a idéia atroz de ver um Brasil como uma Cuba da América do Sul. Brizola era um doente. Doente de caráter. Que continue ainda a arder lá nos quintos dos infernos.

  3. Prezado sr. Sua defesa ao Itamar foi da maior justiça, bem como seu humilde reconhecimento dos propósitos do Plano Real. Entretanto, Itamar foi contrário ao plano num primeiro momento. A equipe montada por FHC teve dificuldades para convence-lo pois era adepto do congelamento de preços. Portanto, ele não foi pai do plano, mas com certeza um padrinho da maior relevância e digno de todos os louvores.

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