Reportagem publicada no Diário de Ilhéus, no último sábado, 09 de julho.

Na madrugada de 27 de abril deste ano (2011), o Teatro Popular de Ilhéus embarcou para São Paulo com duas importantes tarefas, em alusão às comemorações dos 15 anos do grupo. A primeira foi representar a cultura grapiúna na VI Mostra Latino Americana de Teatro de Grupo, realizada entre os dias 26 de abril a 01 de maio. A segunda, tão importante quanto a inicial, foi estrear o novo espetáculo “O Inspetor Geral”, no palco do SESI Mário Amato.

Na VI Mostra Latina Americana, onde apenas quatro grupos brasileiros participaram, os resultados colhidos com a apresentação de “Teodorico Majestade – As últimas horas de um prefeito” foram maravilhosos.

No dia 1º de maio, o público presente na sala Jardel Filho, do Centro Cultural São Paulo, propiciou uma grande louvação aos artistas ilheenses. No final da encenação de Teodorico, os espectadores aplaudiram de pé o desempenho dos atores na interpretação do cordel escrito por Romualdo Lisboa, que relata o sofrimento do povo da lindíssima Ilha Bela com os políticos corruptos.

Os críticos especializados Sebastião Milaré e o colombiano José Assad não economizaram elogios. Ambos ressaltaram a comicidade atraente do espetáculo. Milaré destacou a consciência dos atores, “que são ótimos cômicos, mas não se deixam levar pela própria graça, explorando efeitos à caça do riso fácil”. Satisfeito com a crítica política, ele afirmou que “há um rigor explícito na condução da trama, uma sobriedade na interpretação, que longe de diluir a comicidade torna-a crítica e conseqüente”. O colombiano Assad considerou o teatro “vivo e festivo” do TPI, digno de celebrados autores, a exemplo de: Aristófanes, Molière e Lope de Vega. Segundo ele, Teodorico Majestade acerta contas com o elemento transgressor dos costumes sociais (o político desonesto), submetendo-o ao escárnio público.

O êxito gerou um convite de Sebastião Milaré ao TPI. O crítico deseja escrever um roteiro inspirado na história grupo, para a elaboração de um documentário que será exibido no programa “Teatro e Circunstância”, da SESC TV.

A estréia do Inspetor Geral, continuidade do aclamado Teodorico Majestade, aconteceu no dia 13 de maio com a sala do Centro de Atividades do SESI Mário Amato lotada. O interesse pela arte do TPI obrigou que as reservas acontecessem com muita antecedência.

O novo espetáculo, livremente inspirado na obra do escritor russo Nikolai Gogol (1809 a 1952), mistura elementos da cultura nordestina, pesquisados no Movimento Armorial, cujo maior expoente é o romancista, poeta e dramaturgo, Ariano Suassuna.

Na trama, Gilton Munheca, vice-prefeito, assume a prefeitura no lugar de Teodorico Majestade. Em pouco tempo ele aprende as “regras” do jogo e se vê atolado nos conchavos e desvios de conduta da política. Acompanhado de três auxiliares astutos (Pai Didão, Cacau das Treitas e Jorge Paraíba), ele faz de tudo para enganar o inesperado e temido “Inspetor Geral”, homem desconhecido que chegou de repente em Ilha Bela, para fiscalizar o dinheiro do povo. A partir daí, a roubalheira corre solta e diversas trapaças ocorrem, em nome da manutenção do poder.

A primeira temporada do Inspetor Geral durou até o dia 02 de julho. Segundo Romualdo Lisboa, diretor do TPI, o grande número de estudantes que assistiu o espetáculo possibilitou um resultado gratificante. “Despertar os jovens para o teatro é um prazer inolvidável”.

A peça retorna no dia 07 de outubro, à capital paulista, no palco do SESI Vila das Mercês. A grande aceitação rendeu um convite da direção do SESI – ainda dependente de confirmação – para uma terceira temporada em janeiro de 2012, no Teatro Ruth Cardoso, na Avenida Paulista.

Não há data prevista para a estréia do espetáculo em Ilhéus. “Queremos apresentar O Inspetor Geral, ao nosso público, no final de janeiro ou início de fevereiro do ano que vem”, explica Romualdo Lisboa.

Elenco: Hermilo Menezes, Tânia Barbosa, Potira Castro, Takaro Vítor, Guilherme Bruno, Ely Izidro, Aldenor Garcia, Rogério Matos e Elielton Cabeça, Figurinos, adereços e maquiagem de Justino Viana, cenografia de C. Makalé, composições e trilha sonora ao vivo de Elielton Cabeça. A produção é de Elson Rosário. Texto e direção de Romualdo Lisboa.