Por Marcos Pennha
Madrugada de quinta-feira Maior (28) para sexta-feira Santa (29), continua o calvário do jovem sindicalista Wagner Bastos, 32, em busca da saúde. Às 7 h da manhã do dia santo, final da história: Wagner despediu-se desse mundo, exatamente no Hospital Geral Luiz Viana Filho, em Ilhéus.
É o fim! Não o de Wagner, que concluiu sua tarefa de autêntico defensor dos menos favorecidos. Wagner, irreverente, sarcástico, bem humorado, incansável lutador pelos direitos dos trabalhadores. Ele esteve internado, durante duas semanas, no Regional (como é chamado o Hospital Geral), sem que lhe fosse diagnosticado seu problema para as devidas providências. É o fim da picada.
No período de internação, de posse do seu smartphone, Wagner registrou as terríveis cenas as quais presenciou no hospital, e denunciou nas redes sociais: Sujeira, falta de medicamentos e outros acessórios imprescindíveis, mau atendimento, superlotação e, pasmem, até barata num ambiente em que deveria ser aconchegante para abrigar gente. “Um verdadeiro campo de guerra”, denunciou, por telefone, o atuante enfermo da Força Sindical, no programa matinal Alerta Geral, apresentado por Gil Gomes, da rádio Santa CruzAM 1090, na segunda-feira, 25 de março .
O ‘valente’ Wagner pagou caro com a vida. Partiu sem o diagnóstico médico do mal que lhe acometia. Há quem insinue que ele morreu do mal de ‘smartphone’. Talvez, seria melhor que, em lugar desse instrumento ‘delator’, de alta tecnologia, ele levasse um chinelo, com a finalidade de dá umas boas chineladas naquele bicho nojento: a barata.
O fato é que esse caso, bem como outros, não deve ficar barato. A sociedade civil organizada tem que se mobilizar e cobrar providências da Justiça – se é que existe entre os homens – contra esses desmandos na saúde de pública de Ilhéus. Chega de ver tudo, passivamente, como se tivesse sangue de barata.
# Como pode alguém ser maltratado, justamente, no momento em que precisa de cuidados especiais?
# É inadmissível, além de criminoso, que se cobre 50 reais por uma consulta pelo Sistema Único de Saúde (SUS), conforme confessou o médico Paulo Bittencourt, do hospital São José.
# Não dá para viver tranquilo numa cidade com quase 200 mil habitantes, que tem apenas uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de URGÊNCIA (SAMU), que nem medicamento tem. Isso justifica a demora no atendimento.
# Posto de saúde, que especifica atendimento diário para determinadas classes, tipo dia de atender idoso, outro dia para criança, ou dia para mulher. Parece piada, mas foi o que uma ouvinte do programa Verdade bem Dita (Apresentado diariamente por Demmys Dorea, na Conquista FM 105.9, a partir do meio dia) declarou. Isso sem contar que há muitos fechados, ou abertos, porém desequipados.
# É desolador saber que uma gestante deu luz a uma criança na calçada, depois de ser rejeitada pelo hospital São José.
# É vergonhosa a ação da direção de instituição de saúde privada, que deixa de pagar aos seus funcionários, porque não recebeu o repasse do convênio do SUS. Mais vergonhoso quando os funcionários são colocados como reféns, numa atitude descarada, a qual seus diretores encontraram para pressionar a prefeitura a pagar o devido. A obrigação dos diretores da instituição particular de saúde é a de pagar aos seus funcionários, que têm todo direito de receber seus salários em dia.
O governo municipal concluiu auditoria na Saúde, a qual indica superfaturamento, desvio de verba de programas e convênios, anulação e inconsistências de registros contábeis, contratações irregulares de servidores e sumiço de documentos. Baderna total praticada por vândalos do governo passado. O relatório já foi enviado ao Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (DENASUS). Também, foi encaminhado a Ministérios Públicos Federal e Estadual, Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e Tribunais de Contas da União, do Estado e do Município. Constatou-se, também, o aumento irregular da tabela de prestação de serviços do SUS, conhecido por extra-SUS, com majoração de preço de mais de 7 mil por cento, segundo o presidente da comissão, corregedor Carlos Pereira Neto. Um absurdo!
Necessário se faz a punição aos culpados pelos homicídios coletivos praticados, tanto na esfera municipal, quanto na estadual. Negligência médica é crime, passível de prisão. As instituições públicas são propriedades do povo, e não das ditas autoridades públicas eleitas pelo voto popular ou nomeadas.
Encerro, dizendo que o lutador sindicalista Wagner Bastos tinha condições, através do seu amplo relacionamento, de ser consultado por unidade da rede médica particular. Contudo, ele, obstinadamente, quis ser atendido pelo plano de saúde dos pobres, o SUS, segundo suas palavras. Wagner praticou um ato de coragem, próprio de quem se decide a defender os direitos de sua gente. Definitivamente, como cognominou o Doutor Bonfá (Personagem do programa Alerta Geral), Wagner será eternizado como “O mártir da saúde pública de Ilhéus”. Para tanto, é preciso que nossas vozes continuem ecoando e cobrando das autoridades, através das medidas legais, fazendo prevalecer a sua luta, que também é nossa, em nome da justiça e do bem estar de todos, sem distinção.
Marcos Pennha atua como assessor de comunicação. É associado-fundador do Instituto Nossa Ilhéus e, acima de tudo, cidadão. Contatos: [email protected]
Respostas de 8
Excelente artigo sobre uma realidade que tem tudo de ficção, uma peça teatral dramática, e difícil de entender. Parabéns Penha!
“Encerro, dizendo que o lutador sindicalista Wagner Bastos tinha condições, através do seu amplo relacionamento, de ser consultado por unidade da rede médica particular. Contudo, ele, obstinadamente, quis ser atendido pelo plano de saúde dos pobres, o SUS, segundo suas palavras. Wagner praticou um ato de coragem, próprio de quem se decide a defender os direitos de sua gente. Definitivamente, como cognominou o Doutor Bonfá (Personagem do programa Alerta Geral), Wagner será eternizado como “O mártir da saúde pública de Ilhéus”. Para tanto, é preciso que nossas vozes continuem ecoando e cobrando das autoridades, através das medidas legais, fazendo prevalecer a sua luta, que também é nossa, em nome da justiça e do bem estar de todos, sem distinção.”
Essa me deixou perplexa e emocionadaaaaaaaaaaaa!!!
Prezado Pennha,
Gostei bastante do seu artigo, pricipalmente da maneira veemente de você denunciar as barbaridades que ocorrem na saúde brasileira, principalmente em nossas cidades do norte nordeste.
Precisamos lutar pela educação para que possamos ensinar o povo a votar com mais qualidade e menos interesses pessoais. Essa parte também é de responsabilidade política, entretanto, cabe a sociedade uma participação mais sólida, pois, infelizmente, todos nós sofremos com esses resultados.
Um abraço e vamos continuar a nossa luta.
Sempre as ordens e visite o nosso modesto blog!
Marcos,
parabéns pelo artigo denúncia. O Sul da Bahia, e Ilhéus, no centro da história regional, entra no século XXI em estado de doença crônica. Qual o remédio ? Educação, cultura, democracia, boa gestão pública. O Hospital Regional é um ponto em uma teia de dificuldades e omissões.
Rui Rocha
Marcos, muito bom. Conte comigo. Um abraço.
C@ro Marcos, sábias palavras reveladoras de problemas diários e que não são previlégio apenas da cidade de Ilhéus, infelizmente vários outros municípios da Bahia e do Brasil sofrem do mesmo mal público, a má gestão do errário público direcionado a saude pública.
Sou TESTEMUNHA VIVA desse sistema de saúde caótico que existe em Ilhéus. Estava com trinta e seis (36) semanas de gestação quando a minha bolsa rompeu às vinte e duas horas e trinta minutos (22h:30min) do dia vinte e sete de novembro de dois mil e onze (27/11/2011). Dei entrada na MATERNIDADE SANTA HELENA por volta das vinte e três horas (23:00h) orientada pelo Médico Obstetra temporário Dr. Ernesto (indicado pelo Obstetra Dr. Viriato que fazia meu pré-natal, mas para o meu AZAR o mesmo estava VIAJANDO), por telefone informou ao meu esposo que também estava fora da Cidade de Ilhéus, mas que era para ir para a Maternidade citada anteriormente que lá existia um Médico Plantonista que iria realizar os procedimentos necessários. E após oito (8) horas em trabalho de parto com bolsa rota, o Médico Plantonista da MATERNIDADE SANTA HELENA, Dr. Carlos Alberto de Lyra, se recusou a realizar o Parto Cesário PARTICULAR (R$ 2.530,00). Fui avaliada por quatro (4) vezes pelo Dr. Carlos Lyra e sem ter dilatação suficiente para ser submetida a um Parto Normal “FORÇADO” ele juntamente com a Auxiliar de Enfermagem Marinez tentaram fazer o Parto Normal às seis horas (06:00h) da manhã do dia vinte e oito de novembro de dois mil e onze (28/11/2011), mas não conseguiram e subseqüente encerrou os vossos PLANTÕES. Desta forma, esperei o NOVO Médico Plantonista Obstetra, Dr. Luiz Antônio Rodrigues chegar e na companhia das Auxiliares de Enfermagem Ana Rita e Nicélia, vulgo “Ni”, para fazerem o Parto. Então às sete horas da manhã (07:00h) do dia vinte e oito de novembro de dois mil e onze (28/11/2011) fui submetida ao PARTO Normal “FORÇADO” onde as auxiliares SUBIRAM no meu abdômen forçando o meu ÚTERO para baixo (procedimento técnico que não se usa mais, a MANOBRA CRISTELER), o Médico citado anteriormente cortou a minha vagina por duas vezes SEM ANESTESIA local, para dá passagem ao meu bebê, mas o Parto Normal “FORÇADO e TRAUMATIZANTE” resultou no ÓBITO do meu PRIMOGÊNITO. Erick nasceu com 3740kg e 51cm considerado grande para a idade gestacional. Causa da morte de Erick: ANOXIA NEONATAL GRAVE (Falta de Oxigenação). Questionamentos: Por que será que o MÉDICO se recusou a fazer o Parto Cesário? Por que o Centro Cirúrgico não funcionou? Onde estava a Enfermeira Obstetra Plantonista? A Pediatra ou Neonatologista Plantonista? Anestesista? Instrumentista? Falta Recursos Humanos ou Recursos Financeiros? INDIGNAÇÃO é saber que a VERBA da SAÚDE chega aos cofres do MUNICÍPIO e NÃO ao destino CERTO. Fui atendida pelo SUS porque o Obstetra que acompanhava minha GESTAÇÃO estava VIAJANDO, mas vale ressaltar que o meu parto já estava AGENDADO para a primeira quinzena do mês de dezembro de 2011 e seria PARTICULAR, assim com todo meu PRÉ NATAL foi, mas a bolsa rompeu antes, por isso precisei ir para a MATERNIDADE em questão que continua fazendo as mesmas coisas que fizeram comigo, mas nem todas as GESTANTES tem CORAGEM de RELATAR os MAUS TRATOS sofridos. O PARTO é uma das coisas mais importantes e intensas na vida de uma MULHER, a esperança de uma nova vida, faz com que a mulher esteja mais sensível e por isso é importante pensar não pensar apenas no bem estar da CRIANÇA, mas também no da MÃE e até mesmo no PAI dessa criança. Creio na JUSTIÇA DIVINA!!!