Por Marcos Pennha
* O feed-back proporcionado pelos leitores dos artigos que escrevo é algo sensacional. A cada edição, aumenta o número de pessoas que interage comigo, através de comentários no post, e-mail e pessoalmente. Por esse motivo, sinto-me na obrigação de publicar o retorno, pois é de grande valia para todo cidadão, que se preocupa com a solução, ou minoração, dos problemas recorrentes na sociedade.
Conforme já declarei noutra oportunidade, aqui quem escreve é o cidadão, utilizando técnicas do jornalismo e linguagem adequada. Em verdade, sou um interlocutor espontâneo da população, a qual faço parte. O que escrevo é queixa da gente humilde, que não se sente em condições de ecoar suas reclamações relacionadas aos agentes públicos eleitos, através do voto popular. É dever nosso mencionar falhas, bem como cobrar providências daqueles que são subsidiados pelo dinheiro oriundo dos recursos públicos.
Assim procedemos de maneira respeitosa, falando diretamente com as partes envolvidas, sem rodeios, sem indiretas, nem chacotas. É desse jeito que se faz o jornalismo sério, priorizando a ética, o respeito aos leitores e também às partes mencionadas no processo. Às vezes, claro, utilizamos o bom humor. Entretanto, o fazemos com classe, sem agressão a ninguém. Dessa forma, o leitor vê a situação descontraidamente, melhorando o seu poder de análise.
É natural que cobremos seriedade do poder legislativo. Afinal, as prerrogativas, desse poder, são apresentar emendas para que se tornem leis integrantes da Lei Orgânica do Município (LOM), e FISCALIZAR o EXECUTIVO. O que nós, cidadãos, queremos é que tenhamos um legislativo operante, de verdade, nas suas atribuições, em especial no quesito fiscalização do executivo, apontando irregularidades e, principalmente apresentando alternativas de solução, tornando-se propositivo.
Declaro que não tenho nada de pessoal contra nenhum vereador. Reiteradamente, digo que não sou algoz da Câmara Municipal de Ilhéus, nem daqueles que fazem oposição ao governo.
O que fiz no artigo Radiografia Geral foi uma exposição de fatos históricos, não análise política. Quem cursou um bom primário, como eu tive essa sorte, interpretou bem o texto. Análise política trabalha com projeção baseada em conjecturas, hipóteses. Não houve nada de ofensivo às partes citadas no artigo.
Tenho grande admiração pelo vereador Cosme Araújo (PDT).
Como eu disse, soube da existência de Cosme, vendo-lhe no ponto de carona da faculdade para casa, quase no final dos anos 80. Hoje, ele dirige o carrão dele, graças aos esforços imprimidos em seu trabalho, como bem conceituado advogado criminalista. No país capitalista, em que vivemos, essa ascendência é indício de sucesso.
Não vejo nenhum mal em Cosme ter sido defensor, em 2007, do então prefeito Valderico Reis, que foi cassado pela Câmara – Confira nota do Pimenta na Muqueca.
À época, ele estava sem mandato. É um profissional e, como tal, está disponível no mercado para trabalhar em favor de quem lhe contrate. Repito, votei em Cosme para prefeito, no ano 2000, quando disputou a eleição contra os dois principais candidatos: o atual prefeito Jabes Ribeiro (à época pelo PSDB, hoje, do PP) e o vereador Roland Lavigne (então deputado federal pelo DEM, hoje, filiado ao PPS). Nesse período, ouvi falar, com mais intensidade, pela primeira vez, em crime por esterilização de índias no município de Una, onde Roland já exerceu o cargo de vice-prefeito, e fraude no Sistema Único de Saúde (SUS), quando o próprio Roland mantinha ônibus de atendimento médico gratuito para a população de Ilhéus.
Em que pese a admiração, não concordo quando o vereador Cosme falta a importante sessão sobre o trânsito, com a presença do secretário municipal de Desenvolvimento Urbano (SEDUR), Isaac Albagli, e do superintendente de Transporte e Trânsito, Eliezer Ribeiro; sob a alegação de que estava trabalhando na vizinha cidade Uruçuca, a serviço do seu ofício como advogado. Cosme é considerado o maior dos ferrenhos opositores do governo. Não deveria ter faltado.
Não pegou bem a declaração do vereador de que não precisa do subsídio recebido, da Câmara, e que este (o subsídio) retorna ao povo. O que passou, no imaginário popular, é que o dito vereador tem compromisso tão somente com os seus eleitores; e que também a prioridade dele é para os seus afazeres profissionais particulares. Ora, depois de eleito, o vereador passa a ser o representante legal de todos os munícipes, sem exceção.
Outro exemplo é o caso do médico vereador Aldemir Almeida (PSB), que, depois de faltar três sessões seguidas, chegou na quarta e pediu licença para sair antes do término, explicando que tinha uma cirurgia para fazer.
Parafraseando o que disse o próprio Aldemir numa sessão (“Se eu não fizer, eu mando fazer”. Relembre. Será que ele não poderia delegar a missão a algum de seus colegas da medicina?
Na quarta-feira, dia 17 de abril, a sessão foi cancelada, por conta do imbróglio da liminar que cassa a eleição das comissões técnicas.
São questões que devem ser levadas em consideração. Será que é descontado do subsídio do vereador pela sua ausência, como é cortado o ponto, e descontado do salário, do faltoso trabalhador comum? Só são duas sessões semanais, a partir das 4 h da tarde, e o vereador ainda falta!
Ninguém está com os olhos vendados para a deficiência da administração pública municipal, que, por enquanto, está deixando a desejar na prestação de serviços essenciais como educação e saúde, além dos demais. O governo diz que a verba ‘carimbada’, oriunda do governo federal, está disponível, porém bloqueada, por causa de débitos deixados pela administração passada. Afirma também que cortou pessoal da folha, porque o percentual era de aproximadamente 72 %. Segundo o prefeito Jabes Ribeiro, mesmo depois da ‘cepa’, ainda continua acima do permitido por lei que é de, no máximo, 54 %, sendo 51 % o ideal.
O problema de hoje é resultante de más gestões passadas, não só dos últimos governos Valderico e Newton Lima. O vereador de legislaturas anteriores, como Alisson Mendonça (PT)/ detentor de cinco mandatos consecutivos, deve, em seu momento de reflexão, perguntar-se: “O que foi que eu fiz?”
“O que foi que eu fiz, que permiti que o governo gastasse 72 % da arrecadação com pagamento dos servidores efetivos e contratados?” Alisson e Cosme, ambos ex-presidentes da Câmara, já compuseram, um dia, a bancada de sustentação de governos anteriores de Jabes (Hoje no quarto mandato). Alisson também já foi aliado de Newton.
A dengue alastra-se na cidade, levando centenas de vítimas ao óbito. O outro ex-presidente da Câmara e ex-vereador de cinco mandatos, Jailson Nascimento, atual secretário municipal de Relações Institucionais, também deve por a mão na consciência e se indagar:
“O que foi que eu fiz para evitar esse mal que tem infelicitado famílias?”
Veja denúncia desse site. Jailson compôs a bancada de sustentação dos governos Jabes e Newton.
Cada um da gente, de Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação Comercial, Maçonaria, Lions, Rotary, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), imprensa, deve questionar-se: “O QUE FOI QUE EU FIZ?”
O que foi que eu fiz, vendo todas as mazelas acontecendo na cidade, ao tempo que agentes públicos eleitos, ou nomeados, aumentavam suas riquezas, escandalosamente, sendo que as suas atividades oficiais não lhes permitiam tamanho enriquecimento?
Não adianta por a culpa nos malfeitores do passado e do presente. A Justiça julgará e condenará. De preferência, que obrigue a devolução do dinheiro que foi surrupiado do erário.
Cada um da gente tem que assumir a nossa obrigação. Na terça-feira, dia 16 de abril, diversas entidades e instituições fizeram manifestação, protestando contra o caos da saúde pública de Ilhéus, em frente ao Palácio Paranaguá, sede da prefeitura. Não foi só um fuzuê de barulho na rua.
Muitas providências foram tomadas, legalmente. Confira aqui.
A comissão de organização está de parabéns, inclusive, por não permitir que o movimento fosse ‘partidarizado’, não permitindo a fala, no microfone, de detentores de mandato. É necessário, no entanto, que o povo participe mais, indo às ruas, botando a boca no trombone, denunciando ao Ministério Público (MP). É preciso que se aumente o número de gente que FAZ. E que, nesse caso, não MANDA FAZER.
* Marcos Pennha atua como assessor de comunicação. É associado-fundador do Instituto Nossa Ilhéus e, acima de tudo, cidadão. Leia outros artigos aqui. Contatos: [email protected].

Respostas de 6
Um ótimo texto, que se aproxima o melhor possível da imparcialidade. De fato, temos que analisar os problemas políticos da cidade como um raio-x, com o máximo de precisão possível. Sim, os mesmos vereadores que hoje atacam o governo, o que fizeram no governo passado para impedir os descalabros ocorridos, a exemplo do superfaturamento na contratação de aluguel de toldos?
Marcos Pennha,
Boa noite!
Leio sempre suas matérias, admiro a forma como você trata as questões de nossa cidade, sempre de forma respeitosa ,de maneira humorada.Imparcial. Verdadeira. Parabéns,continue atualizando nossa gente que assim como eu não tem tempo de ir a câmara ouvir nossos representantes, ouvir a população.
* Obrigado, Rafael e Marta, por prestigiarem os meus artigos e pelo comentário de vocês.
É bom que conheçamos o passado, principalmente daqueles que nos representam legalmente através do voto popular.
Contudo, a vida recomeça no presente. Nós, cidadãos, precisamos estar atentos a tudo que acontece, bem como devemos fiscalizar, reivindicar e recorrer à Justiça, quando nossos direitos forem lesados.
Os recursos públicos, em poder dos eleitos, são frutos do nosso suado dinheiro, oriundo dos pesados impostos que pagamos, embutidos em tudo o que consumimos. Temos que ter o retorno em forma de serviços essenciais como saúde, educação, segurança e benfeitorias.
Assim é que se faz prevalecer a DEMOCRACIA!
Fortíssimo abraço
Marcos Pennha
Caro Marcos,
nós nos conhecemos, e admiro suas mensangens criticas.Ja te escrevi es vezes, alertando sobre problemas da comunidade…deve ter passado batido, a ultima vez sobre o descaso da COELBA com a nossa zona rural.
Sobre estes nossos vereadores, q só se elegem para faturar e enriquecer, sinto tristeza absoluta, pena que não temos justiça e pena de morte. A cidade esta ao léu, esburacada, obras inconcluidas, etc….. Existe o Jabes, q mora em Salvador???
Em 27 de abril de 2013 19:25, Ricardo Zehnder escreveu:
Estimado amigo!
Agradeço seus esforços para iluminar a consciência de todos nós, a sociedade, lembrando as histórias de compromissos recentes entre os políticos eleitos e as suas obrigações, que nascem de seus próprios compromissos vocacionais de servir a Comunidade.
Sempre meu perguntei por que o crime e os impactos da introdução da vassoura de bruxa não tem responsáveis sentenciados pela honorável justiça.
Observo em seu analysis jornalistico que vários políticos são servidores de uma causa e de uma Bandeira ou ideologia hoje e amanhá prestam serviços para outra e me pergunto, como se interpreta esses fatos de acordo a inexorável lei de ação e reação, a famosa lei do Karma.
Quanto Karmático é para a Comunidade Ilhense processar essas condutas,essa Moral, essa ética?
Grande abraço.
pássaro
Parabéns Marcão mais uma vez pelo brilhante artigo!
Abs