Por Marcos Pennha
A notícia que Valderico Reis, ex-prefeito de Ilhéus, foi preso causou um rebuliço danado na cidade.
Depois, em nota divulgada na imprensa, o advogado do suposto preso declarou que não foi verdade o divulgado, afirmando que Valderico, na cerimônia de casamento do seu filho Júnior, teve um mal súbito.
O advogado aposentado Dr. Bonfá ligou para o programa diário Verdade Bendita, apresentado por Demmys Dorea na Conquista FM, na segunda-feira, 6 de maio. Ele explicou o caso, confirmando que não se tratou de prisão e que o citado ex-prefeito teve, mesmo, um mal súbito.
A seguir, a versão do Dr. Bonfá:
O normal é que o sujeito sinta-se mal, e chame o médico. Nesse caso, uma situação atípica. O ex-prefeito, vendo três sujeitos, perguntou a um dos convidados do casamento: “Quem são aqueles?” O convidado respondeu que se tratava de médicos. Vardé inquiriu: “Mas assim vestidos com os coletes pretos à prova de bala?” Fez a pergunta e daí … o famigerado mal súbito, forma sofisticada para expressar o desmaio. Um dos supostos médicos disse: “Vamos levá-lo para o hospital. A ambulância do SAMU tá aí fora”.
Ao transportar o paciente, que estava muito impaciente antes do desmaio, os supostos médicos introduziram-lhe na malfadada ambulância, que, por sinal, era diferente das convencionais. Toda na cor preta, e não vermelha.
Devido a longa distância da igreja para o dito hospital e excesso de automóveis na estrada, houve a demora de três horas para chegar ao destino. Daí o súbito mal entendido. Vardé esteve PRESO, sim, no trânsito. Sacaram aí o equívoco?
Bom, todo mundo sabe que o médico, não sendo veterinário, faz indagações ao paciente. Confira a seguir o diálogo.
– O senhor tá sentindo falta de ar?
– Tô sentindo farta de oxigênio. Ou melhor, sinto farta da prefeitura.
– Tem comido direitinho?
– Não. Sinto farta daquelas piriguetes do Vilela, do Nossa Senhora da Vitória, do Nelson Costa …
– E cocô, o senhor faz, normalmente?
– Um pouquinho, no momento que vi vocês na igreja. Só pingou o fundo da cueca. Agora, fiz demais no período entre 2005 e agosto de 2007.
– Pelo jeito o senhor apresenta um problema no duodeno.
– Pois é, doutor, o duodécimo foi que me derrubou.
– O senhor bebe muita água?
– Não.
– Cospe muito?
– Não.
– Chupa bala?
– Não.
– Peraí, o senhor só nega?
– Não. Pago os impostos certinho.
– O senhor conhece Almeida?
-Como?
– O senhor tosse quando peida? Ha, ha, ha, ha, ha, …
Depois dessa piada sem graça, o médico, com o estetoscópio, sentiu os batimentos do paciente.
– Seu coração tá batendo descompassadamente.
– Ultimamente, doutor, meu coração não bate. Só apanha.
– Pratica algum esporte?
– Corrida. Tenho corrido pra Vitória, Amapá, o diabo a quatro. Ninguém me pega na minha rota.
– Por falar nisso, o que o senhor tem a ver com a rota?
– Arroto bem, depois de beber uma coca bem geladinha.
– Voltando àquela pergunta anterior, que o senhor não entendeu, qual a sua dieta diária?
– Desde 2007, a minha dieta é à base de pepino, na refeição, e abacaxi, de sobremesa. Eu mesmo que tenho que descascar.
– Agora, pra finalizar, vou fazer um teste de memória. O que tem a me dizer dessa nota fiscal de compra de um babydol de oncinha?
– Nada, nada, nada. Tá me estranhando, doutor? Eu sou espada.
– Vou passar dois comprimidos: um anador e um apracur.
– O anador, eu sei que é pra dor de cabeça. Agora, pra que o supositório?
– Tá encerrada a consulta. Vou encaminhar o senhor à doutora Karina.
– Nãããooooo … Pelo amor de Deus, essa doutora, NÃÃÃÃÕOOO …
– Por que o medo?
– Ela tem a cara de santinha, mas é o cão chupando manga.
Varder, depois da consulta, mais calmo, pegou o celular e ligou para uma pessoa amiga: “Olhe, com o acontecimento do casamento do meu Juninho, tudo nessa vida pode acontecer. Cuidado você, que tá prestes a ver o casamento de sua filha. Cuide bem da sua saúde, viu, boneca!”
# Essa é uma situação de humor. Qualquer semelhança com fatos da vida real, pode não ser mera coincidência.
Marcos Pennha atua como assessor de comunicação. É associado-fundador do Instituto Nossa Ilhéus e, acima de tudo, cidadão. Leia outros artigos aqui. Contatos: [email protected].

Respostas de 5
Sr. Gusmão,
Quem frequenta o Bar do Zequito e vê por lá Marcos Penha com uma simplicidade singular não sabe que está diante de um monstro da escrita, sou fã desse cara, escreve com uma leveza sem igual. Aproveito a oportunidade, pra pedir que ele publique uma carta que fez a revista Veja (falando sobre o marqueteiro Duda Mendonça) e foi tema de estudo de muitas Universidades no Brasil, aquela carta foi de arrasar.
Sucesso…
Excelente matéria, realmente Marcos Pennha é fantástico nas suas escritas e, parece que ultimamente anda bastante inspirado, o que nos deixa orgulhosos de podermos ler e reler susas colocações.
Obrigado Marcos, por mais essa precisosidade.
Marcus Vinicius
Coitado de Vardé . kkkkk
Grande Marcos! Gostei da guinada de 180 graus na estilística literária; na temática e na prosódia tratadas com sutilezas criticamente irônicas, tons pastéis num conteúdo redacional inteligente, dinâmico e bem humorado.
Dada à “credulidade e boa fé” de que gozam os políticos da atualidade; como uma luva, a sua linguagem reagrega os elementos da existencialidade e das desconformidades dos sentimentos do inconsciente sociológico, a que alguns elitistas, pejorativamente, chamam de “humor do coletivizado”.
Degustei o seu saboroso artigo! Está bem temperado e muito bom!
Gostei demais. Sempre que posso compartilho com Marco Pennha bons momentos com uma boa gelada e um bom dedinho de prosa. É incomparável no seu estilo de escrever.