Por Mohammad Jamal
Ilhéus vive dias invernais, sua longa e penosa temporada nessa estação de enfermidade debilitante que a domina e consome ha aproximadamente dois anos e a confina num estágio de ócio patológico intratável. Uma pasmaceira indolente e preguiçosa que já começa a contaminar até o povo que, endemicamente, já demonstra sintomas clássicos, indicativos que caracterizam essa terrível doença. O derrotismo, a perda da coragem para lutar contra ela; a depressão, a “hurzun”, grave melancolia que acometia alguns turcos nos longos invernos gelados. E tudo isso acontece por absoluta inexistência de um amargo remédio jurídico ou um forte unguento cidadão capaz de remover do lombo da cidade essas imensas colônias de parasitas vetores de mais enfermidades.
A cidade está doente, ou melhor, exógena e impositivamente adoecida por aqueles que, tendo prometido de mãos postas soergue-la para níveis muito acima daqueles que apresentava antes das eleições e a elevá-la para o pódio das cidades prósperas e desenvolvimentistas; mas mentiram-nos desavergonhadamente. Ilhéus está mil vezes pior que quando se encontrava sob o domínio de um experto banana que a desadministrou e exauriu por longo tempo.
Já estamos cansados de ouvir discursos de puxa-sacos e babaovistas de plantão, remunerados, a nos dizer que ilhéus convalesce sequelas deixadas pelo banana que a atochou sem dó nem piedade por longo mandato e meio. Que nada: conversa mole para tolos credos. A eloquência teatralizada não passa de eufemismos e ambiguidades típicas da retórica linguística da política proferidas a partir de alguém que, por toda a sua vida supostamente útil e contributiva, vivida “para o bem do povo”, nada mais fez senão AL bazar e comadrear nos balcões da rendosa política, onde é dando que se recebe. Ao que transparece, teria recebido muito mais do que se propôs dar. Ao povo deu só empáfias e desesperanças.
As galáxias políticas estão sendo atraídas para o imenso buraco negro que as suga irremediavelmente para o mais absoluto vácuo do descrédito dos cidadãos e eleitores. Ainda ontem, a contragosto, fomos assistir mais uma ópera bufa – ou seria patética? – levada na Câmara. Que horror; um “espetáculo” deprimente digno de profusos apupos. Lá estava o Secretaríssimo! Desculpem-me o superlativo absoluto sintético; é que sempre que vejo esse super secretaríssimo, me vem à memória a lembrança do Generalíssimo Francisco de Franco, Caudilho ditador de Espanha, Chefe do Estado e Generalíssimo das Forças Armadas, cujos “feitos” foram bem retratados pelo artista Pablo Picasso num painel denominado Guernica.
Pois é, ele havia avisado à Câmara que só disporia de tempo para os Edis, lá pelo início da Copa! Mas, condescendentemente, optou pela benevolência ao abrir um precedente, vindo apressadamente nessa terça feira a ser recepcionado na Casa do Povo. Recebido na Câmara com pompas e circunstâncias; arguido com mimos e panos quentes; muito pouco ou quase nada respondeu que dirimisse umas tantas dúvidas e suspeitas que pairam sobre contratos celebrados, aplicações de verbas e recursos sob sua responsabilidade. Após um banho de ofurô, foi massageado com gordura de colibri em luvas de pelica, bebeu seu hidromel e retornou aos lençóis de cetim palacianos com o ego hipertrofiado por tantas bajulações, para o gáudio dos sufragistas situacionistas, no entanto, contraditoriamente à ânsia do povo, nauseabundo de raiva e insatisfações com esse governo inerte e isolacionista.
No segundo ato dessa patética, fui forçado a ausentar-me da plateia para soltar um barro prévio, não mais retornando às gerais. Mas soube depois que vereadores de oposição foram impedidos de utilizar tanto o pequeno quanto o grande Expediente para réplicas, tréplicas ou redarguir o secretaríssimo. Vige! E, “Estando bom para ambas as partes, está bom para Celso Russomano.”! Mas está ruim para o povo.
Toda a população sabe que à essa mesma instância do espaço legislativo caberia por dever e responsabilidade institucionais regimentares, promover a apuração e o esclarecimento imediato do nebuloso caso das cinco motonetas: as Tais Cinquantinhas que atropelaram o ex-prefeito. O citado ex, tido estrela cadente nesse incidente como suposta vítima do infausto sinistro “top Five” e, a quem fora negado socorro nas dependências desse mesmo nosocômio parlamentar; foi ao que se supõe, tratado em casa. A vítima, segundo dizem, apresentou exame de corpo delito e a materialidade das provas ao judiciário, fato que nos parece ter sido o responsável pelo afogadilho desencadeador da constituição de apressada de Comissão investigativa para apurar regimentalmente os fatos envolvendo as tais cinco motonetas 50cc, antes que denúncia a ser supostamente apresentada pelo Instituto Nossa Ilhéus à justiça fizesse com que o MP tomasse para si essas responsabilidades corregedoras, evidentemente, com prognósticos e decorrentes muito mais severos.
Na Câmara os interstícios do tempo entre xingamentos e trocas de adjetivações impublicáveis entre vereadores do prefeito e a minoria de oposição. Ainda assim e de passagem, tentou tratar de Políticas Públicas, mobilidade, etc. de forma muito rápida e sucinta, sem lograr êxito. Tudo isso se passa enquanto uma cadeirante fica entalada no elevador quebrado da Casa e, luta ajudada por vários voluntários para se desvencilhar e conseguir sair do teimoso e iracundo elevador que persistia mantê-la e à sua cadeira de rodas como suas prisioneiras! Depois de renhida batalha, porta amassada, etc., o elevador carcereiro foi vencido e a cadeirante libertada em intenso estado de pânico e nervosismo.
Reunidos ontem à porta da Casa do Povo, aproximadamente 60 cadeirantes integrantes do movimento em defesa dos seus direitos constitucionais por acesso e mobilidade negados pela inobservância na vigência das leis e sua aplicabilidade nas vias públicas, prédios de instituições governamentais, autarquias, bancos, comercio, etc. reclamavam às autoridades governamentais e legislativas. Eles gritavam palavras de ordem e clamavam pela aprovação do Projeto de Lei do Vereador Cosme Araujo; projeto esse que trata diretamente sobre a aplicação das leis que assegurem acessibilidade condizente e adequada a todos cadeirantes e portadores de limitações motoras. Segundo o próprio vereador, PL encontra-se pendente de apreciação, discussão e aprovação na Câmara desde 2013.
Voltei à porta da Câmara, onde ainda pude assistir à leitura pela Presidente da Associação dos Cadeirantes, do Manifesto exortando as autoridades acatar seus direitos constitucionais e a instituir a aplicabilidade dos constitutivos legais que implicam em acesso à mobilidade de todos os portadores de limitações ou deficiências físicas, motoras, visuais, etc. E de lambuja, o privilégio de assistir à brilhante e veemente oratória do vereador e jurista Cosme Araujo, exortando a todos os cadeirantes sobre o esforço por ele empreendido no sentido de trazer a Plenário para apreciação e votação a lei que trata dos direitos dos incapacitados por limitações motoras. E ao prefeito e seus secretários foi duro e franco não os poupando ao exortá-los quanto ao cumprimento dos seus deveres e responsabilidades para com o povo e a cidade, os serviços públicos e tudo o mais em completo caos e abandono que impuseram a Ilhéus por total inépcia e absoluta inércia do governo.
Acredito que nós eleitores e todos os cidadãos em Ilhéus, devemos despertar desse torpor, dessa negligencia passiva com que assistimos em imobilismo silencioso o solapar dos nossos direitos por aqueles que elegemos, mas que, no entanto, passam mandato governado da cidade e deixando para trás apenas os longos rastros da devastação, prejuízos e atrasos. E quando deixam seus cargos, o fazem sorridentes e felizes! Não se sabe os porquês? Alguém sabe aí? Muitas pessoas costumam dizer que detestam a política. Isso é mau! Aqueles que gostam de política geralmente se dão muito bem! Nós só precisamos estar bem informados a política e nos inteirarmos sobre as condutas dos políticos “nossos representantes”. Somente assim poderemos resguardar nossos direitos e ao erário das garras dos abutres. A cena política de nossa cidade está um lixo só!

Uma resposta
Puxa! Tomei um susto. Na primeira leitura rápida, li “infernais”. Incrível como apenas a troca de uma letra pode influenciar na análise de temperatura de uma interpretação para outra.
Gostei do texto.
Ainda se observa pinceladas da clássica mania de, ao se criticar algo que não se aprova, buscar desqualificar todos os outros que com ele simpatiza em “…estamos cansados de ouvir discursos de puxa-sacos e babaovistas de plantão, remunerados, a nos dizer…”.
Mas, no todo, ACHO que é uma visão pessoal que merece ser divulgada e posta em debate em brainstormings, com o fito de provocar reflexões entre os cidadãos que PENSAM E QUEREM construir uma Ilhéus maior, mais bonita e melhor para se viver.
AVANCEMOS!