
Na carta abaixo, o Movimento Cidadanista (Raiz) de Ilhéus e o Blog do Gusmão se posicionam contra o rebaixamento da CEPLAC. O documento não se limita a criticar a medida do Ministério da Agricultura. Mais que isso: destaca a importância do órgão na condução de pesquisas científicas e como meio de promoção do desenvolvimento endógeno a partir das potencialidades do sul da Bahia. Leia.
MANIFESTO EM DEFESA DA CEPLAC E DA LAVOURA CACAUEIRA
Nas últimas décadas coube a CEPLAC o protagonismo para atender as necessidades do setor produtivo cacaueiro de todo o Brasil, e principalmente do sul da Bahia. Foi essa instituição que desenvolveu inúmeros instrumentos para o fortalecimento da cacauicultura e a diversificação agrícola, além de ter desenvolvido ampla pesquisa e extensão rural.
Ao tomarmos conhecimento do decreto que definiu o rebaixamento da CEPLAC, tornando-a um mero departamento no Ministério da Agricultura comandado por Kátia Abreu, no governo da presidenta Dilma, sem autonomia financeira e administrativa, manifestamos a nossa total indignação e reprovação a este ato. Essa medida vai paralisar as pesquisas e dificultar a implementação de projetos muito importantes como: o Cacau Cabruca, a clonagem do cacau e o combate às pragas. Com o aumento progressivo do consumo de chocolate, o cacau tende a se tornar cada vez mais escasso e caro, sem contar que existem novas pragas como o fungo moniliophthora roreri, que também tem contribuído para a redução da produção.
Mesmo considerando que a cacauicultura possui um passado de muitas desigualdades sociais, admitimos que a CEPLAC tem uma importância fundamental. Por meio dela, o cacau pode ser uma atividade capaz de promover o desenvolvimento endógeno, ou seja, de acordo com as características da região, respeitando várias espécies da flora e fauna da nossa Mata Atlântica.
Estamos encaminhando à Câmara de Vereadores de Ilhéus uma solicitação para que seja realizada uma sessão pública especial com o objetivo de discutir o tema.
Manifestamos nosso repúdio e insatisfação com o ato da ministra Kátia Abreu. Conclamamos todos os interessados no assunto, assim como os parlamentares da região, Câmaras de Vereadores Municipais, bancadas de deputados baianos, Governo do Estado da Bahia, sindicatos patronais e de trabalhadores rurais, universidades públicas e privadas e a sociedade civil organizada para juntos tentarmos reverter esse decreto nocivo para a região cacaueira.
