Demolição sem projeto desrespeitou a história. Ilhéus mais uma vez negou que patrimônio histórico pode ser oportunidade de crescimento econômico.

Dias após a Prefeitura de Ilhéus derrubar os antigos armazéns do velho porto, próximos ao Terminal João Mangabeira e à Praça Dois de Julho, a jornalista Ticiana Villas Boas visitou a cidade e chamou a atenção para a importância do patrimônio histórico. Ela esteve no Bataclan, aprovou a restauração do prédio antigo, mas lamentou a falta de outros espaços conservados.

Em 2023, a arquiteta Marcelle Cartibani desenvolveu um projeto chamado Museu Ouro Negro, pensado para o antigo porto. Ela afirmou que, mesmo com risco de desabamento, que não ficou provado, os galpões poderiam ser recuperados. Lembrou que Salvador mantém construções antigas em pé, com estruturas de ferro, até o início das obras de recuperação.

O projeto elaborado por Marcelle mostra imagens virtuais do porto revitalizado. Há no YouTube um vídeo com essas imagens. O Teatro Popular de Ilhéus também tinha interesse na área e discutia outra proposta para o mesmo local, baseada na recuperação do espaço.

O jornalista Emílio Gusmão criticou a demolição promovida pelo município e recebeu acusações de ser contrário à modernização. O argumento falha. Modernização não exige destruição. Prédios novos existem em qualquer cidade. Já a arquitetura ligada ao ciclo do cacau é exclusiva de Ilhéus e de poucos municípios da região.

Outro argumento utilizado foi a presença constante de dependentes químicos nos antigos armazéns. Será que a demolição encerrou o problema os dependentes farão uso em outros lugares?

Vale lembrar que história preservada pode atrair visitantes, gerar renda e servir como fator de diferenciação no mapa turístico.

A fala de Ticiana Villas Boas mostra que até quem vem de fora percebe o óbvio: Ilhéus abre mão de um patrimônio que poderia se transformar em oportunidade.

Assista ao comentário de Gusmão e veja as imagens do projeto “Museu Ouro Negro”, da arquiteta Marcelle Cartibani.