
Por Mario Osava
Da IPS
De Alto Alegre do Pindaré e São Luís
A Ferrovia Carajás, considerada a mais eficiente do Brasil, mantém um serviço de passageiros que lhe causa perdas, para beneficiar a população. Porém, isso pouco alivia seu pecado original: nasceu para exportar minerais, cruzando uma região de pobreza crônica. Três décadas depois de sua construção, o corredor de Carajás, por onde passa um terço do minério de ferro exportado pelo Brasil, continua sendo provedor de mão de obra barata para regiões mais prósperas e grandes projetos amazônicos, segundo a IPS constatou ao percorrer a área.
Auzilândia, povoado de 12 mil habitantes e humildes casas dos dois lados dos trilhos, “fica vazia” ao final de cada ano, segundo Leide Diniz. Seu marido foi, “pela segunda vez”, para o Estado de Santa Catarina, mais de três mil quilômetros ao sul, viajando três dias em ônibus. Deixou seus três filhos com ela em novembro, para trabalhar em um restaurante durante a temporada turística de verão. “Ganha e volta”, se conforma a mulher, porque “aqui não tem emprego”, explicou.
Uma corrente estabelecida há alguns anos leva para Santa Catarina a maioria dos trabalhadores errantes de Alto Alegre do Pindaré, município de 31 mil habitantes onde fica Auzilândia, no interior do Maranhão, Estado de transição do semiárido Nordeste do país para a Amazônia.
O Maranhão, por onde passam dois terços dos 892 quilômetros da Ferrovia Carajás, continua enviando trabalhadores para muitas regiões do país, em geral para tarefas temporárias ou precárias, como mineração de ouro artesanal na Amazônia ou corte de cana-de-açúcar. Também é a principal origem das vítimas da escravidão moderna, especialmente na pecuária e no carvão vegetal. Seu Índice de Desenvolvimento Humano está em penúltimo lugar entre os 27 Estados brasileiros, e sua renda por pessoa está em último.
2 respostas
Eu concordo em genero, numero e grau que o porto sul seria nefasto para Ilheus por motivos ambientais, sociais e economicos. Esse porto criara um bolsao de miseria e muita violencia em torno dele. Ilheus nao precisa desse porto.
Se com a FERRROVIA e a MINERAÇÃO está ruim imagina sem, o que estas famílias estariam fazendo hoje? Vivendo as custas do governo? Isso já vira um problema social causado pelo governo e não pela FERROVIA e MINERAÇÃO me desculpem mas eu como leitor me sinto ofendido com uma matéria como essa, tendenciosa que busca formar u opinião contrária a um projeto para a cidade, penso que o imparcialidade deve ser fator fundamental nos meios de comunicação e informação para a população.
Porque não coloca os trabalhos sociais e ambientais que são desenvolvidos pela empresa neste estado, os pontos positivos. Ou será que não existem?