
Por Thiago Dias
Três crianças participaram da abertura da Copa para representar a diversidade étnica do povo brasileiro, como explicou Galvão Bueno.
Werá Jeguaka Mirim, representante de todas as etnias reduzidas ao termo indígenas, levou sua missão a sério. O xondaro Werá quebrou o protocolo – que não tolera mensagens “ideológicas” com a mesma benevolência dispensada aos que mandam uma presidente tomar no cu – e desvelou sua faixa (em caixa alta): DEMARCAÇÃO.
O guarani sacou a faixa como todos os seus antepassados sacaram arcos. A palavra demarcação é a flecha-mensagem de gerações. Todas as peças do dispositivo midiático padrão Fifa agiram para encobrir o gesto desafiador.
O fotógrafo Luiz Pires, da Comissão Guarani Yvyrupa, registrou a imagem histórica, que a rede mundial espalhará – não com o mesmo alcance que o dispositivo monopolístico da transmissão poderia conceder, se não estivesse empenhado no sentido contrário: silenciar tudo o que não interessa aos quase 3 bilhões de telespectadores do “maior espetáculo da Terra”, como o Galvão gosta de repetir.
A criança será tachada: “um fantoche”. E se alguém deu a faixa ao pequeno guerreiro? “Deverá ser caçado e punido”, diria qualquer TV bandeirante.
As mesmas correntes de e-mail que apoiam a “Intervenção Militar Constitucional” tratarão o gesto como um crime para, em seguida, defender a redução da maioridade. “Alguém tem que ser punido no país da impunidade”, esbravejarão os que são contra a revisão da anistia para torturadores.
Todas as vozes que se levantarão contra a mensagem de Jeguaka sentem-se representadas pelo silêncio orquestrado da “grande” mídia. Também repercutem a hostilidade dos ogros contra Dilma como se gozassem a pequena catarse dos bobos abonados.
Os meios de comunicação são, por excelência, técnicas do desencobrimento, da pro-dução do sentido. O editor-chefe de um telejornal que fala diariamente para 90 milhões de pessoas ou o editor de imagens da cobertura (palavra reveladora) da Copa encarnam papéis determinantes para o efeito silenciador contra a flecha-mensagem, escolhem o que será encoberto ou desencoberto aos olhos dos civilizados. Ainda bem que Jeguaka não está sozinho.

2 respostas
Há ta, a iniciativa partiu da criança preocupada com a demarcação. e eu siubo bozo.
EXOESQUELETO.
A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR:PONTA PÉ INICIAL EM QUE DIREÇÃO??
OS BRASILEIROS COM DEFICIÊNCIA QUEREM SABER.
E os nossos direitos fundamentais efetivados? ao invés de investir em projetos mirabolantes. Investir 33 milhões em monte de “lata” e um paraplégico dar um chute (cena patética),porque não um cego,em surdo, um down? … não custaria nada e ainda levantaria a discussão ampla sobre a acessibilidade no país todo, de uma forma sucinta e marcante. Casos como do secretário de Turismo do Rio de Janeiro, não ocorra, ao ser criticado p/ falta de acessibilidade, disse: “as pessoas com deficiência não eram público alvo da copa”, QUANTA IGNORANCIA!!! rs rs plagiar: sabe nada inocente!!!!
Ao invés de tentar nos curar como no “modelo médico” porque não, ações afirmativas, médico que é médico não fica espalhando aos 4 ventos suas descobertas até que sejam cientificamente comprovadas – Sr Miguel Nicolelis.
Leiam : Modelo médico x Modelo social da deficiência- Cláudia Werneck.
Será que não sabem que cada pessoa reage de maneiras diferentes a estas pesquisas, se forem ver o público delas é para pessoas com características bem específicas.
As dúvidas que temos sobre a grandiosidade deste projeto, seu valor exorbitante de 33 milhões convenio com a FINEP e o que será feito dele depois? além de prestação de contas.
Angela – Ativista na Luta pela Acessibilidade das pessoas com deficiência.
EXOESQUELETO DO MÉDICO NICOLELIS MAIS INFORMAÇÃO abaixo:
http://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,exoesqueleto-de-nicolelis-esta-pronto-para-a-copa-do-mundo,1503329