Em artigo publicado no Instagram e enviado também ao BG, o psicólogo Gustavo Pestana discorda de que o soldado Wesley Góes, morto no último domingo (28) no Farol da Barra, estava sob surto psicótico.
A análise de Pestana não diz respeito ao acirramento político que divide o país. Leia.
Não vejo um quadro de surto psicótico no caso do SD PM Wesley. Ele dirigiu aproximadamente 250 km até Salvador, estava com discurso orientado, escolheu um local de ampla visibilidade e não direcionava aleatoriamente seu protesto. Aparenta, a meu ver, um quadro de nervosismo, agitação e inquietação, que pode estar correlacionado a uma possível Síndrome de Burnout.
Inúmeros profissionais da segurança pública têm passado por isso em todo o Brasil, como também, por quadros de transtorno de adaptação, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico e outros quadros ansiosos.
Entendo que as pessoas costumam negar suas fragilidades e as instituições precisam urgentemente ampliar o acompanhamento em saúde mental, pois as guerras, revoluções e pandemias têm esse efeito de desorganização mental coletiva e individual.
Indo além, estamos numa intensa dualidade política e, cito o ditado popular: ”na briga da onda do mar e a rocha, quem sempre perde é o siri”.
Por fim, é muito mais fácil dizer: “minha cabeça dói!”, ao invés de dizer: “meu coração está em pedaços!”
Negamos amplamente a necessidade de acompanhamento em saúde mental, e infelizmente, só lembramos disso frente a tragédias. Dessa forma fica sempre mais fácil falar:
”Estava louco e perdeu o juízo”. “Era um fanático!!”
OBS.: A minha opinião não se refere a questões de visão política partidária. Apenas faço um alerta sobre a urgência na “ampliação do acompanhamento em saúde mental no Brasil!”
Aqui não estou tratando das decisões tomadas pela PM-BA, pois não estava no local para entender quais decisões deveriam ser tomadas, tampouco sou especialista em gerenciamento de crise.
Trate-se de um questionamento de um profissional que lida com a saúde mental, quer seja no ambiente coletivo ou no individual.
Um questionamento: qual a última vez que você procurou um profissional em saúde mental ?!
Uma resposta
Excelente análise do Dr. Os gestores públicos deveriam ter mais atenção ao avanço de distúrbio e doenças mentais. Esse tema, infelizmente é um tabu para sociedade! É necessário ampliar o debate…