Por Marcos Pennha

O povo brasileiro anda piripicado da vida – como se diz popularmente – com as frequentes notícias de indícios de atos de corrupção. O pior é que hoje, no país democrático que vivemos, temos o direito apenas de tomar conhecimento, e pronto. Não se ver nada concluído. Tudo termina caindo no esquecimento. Ninguém é preso, nem tampouco condenado a devolver o que subtraiu do erário. Os larápios ficam a debochar da gente brasileira simples.

A corrupção parece que já faz parte da cultura brasileira como são o futebol e o carnaval. Nota-se que os governos não têm a mínima preocupação com a eficiente gerência dos negócios públicos como fazem os administradores da iniciativa privada. O dinheiro público é gasto aleatoriamente sem planejamento, ao bel prazer de alguns poucos privilegiados.

Veja, por exemplo, o que acontece com a nossa princesinha do sul da Bahia Ilhéus, que viveu a época áurea do cacau. Sua arrecadação de impostos, nesse período, foi extraordinária. Pode-se dizer que a capital baiana e outras regiões beneficiaram-se com a pujança das cidades da região cacaueira, em especial Ilhéus.

Hoje, a cidade padece devido aos inúmeros problemas. Os petistas desbancaram aos carlistas (seguidores do então senador Antônio Carlos Magalhães) em 2006. Jaques Wagner fora eleito governador. Passaram-se quatro anos e Ilhéus não sentiu a presença concreta do Estado. Em 2010, Wagner foi reeleito, contando mais uma vez com a expressiva votação dos ilheenses. Ainda de lambuja, o ilheense ajudou a eleger diversos deputados estaduais e federais, mais os senadores Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB) e a presidenta petista Dilma Rousseff.

Nada em benefício da cidade. Porto e aeroporto funcionando em regime de quase inoperância. A estrada Ilhéus/ Buerarema à espera de melhorias, não por falta de apelos insistentes de lideranças populares na pessoa do presidente da Associação dos Moradores do distrito ilheense Santo Antônio, Jorge Anunciação. Nenhum dos governos volta o olhar para Ilhéus. Não se fala em construção de hospitais, escolas ou qualquer outro empreendimento público que beneficie o povo. Pelo contrário, o que existe tá sendo sucateado. Veja o exemplo da biblioteca pública, onde funcionou o antigo colégio General Osório. A cidade toda esburacada por conta de obras inacabadas. Os semáforos antigos contribuem com a desorganização do trânsito. As obras arrastam-se por longos períodos. Notem a de construção do Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Em meio ao caos, eis que vem o governo do Estado anunciando o complexo porto sul. A notícia do complexo (programado para integrar dois portos, uma ferrovia e um aeroporto) nasceu como um ‘Messias’ que vem para salvar a gente sulbaiana.

Uma mentira e tanto! Não há possibilidade dessa zorra trazer benefícios para a população. Muito pelo contrário, sinaliza para a extinção de formas de subsistência existentes como a agricultura familiar e a pesca, além de afetar o turismo. O governo baiano tem dois traços marcantes: acabar com equipamentos públicos existentes e uso exaustivo de propaganda. No que se refere a propaganda, ficou visível, confirmado, quando o secretário estadual da Indústria Naval e Portuária, Carlos Costa, pediu aplausos para a agência publicitária criadora das peças publicitárias do porto sul e da ferrovia (Confira comentário aqui: https://blogdogusmao.com.br/2011/10/18/engodo-engano-porto-sul-e-cia/#more-52716 ). A agência merece aplausos, sem dúvida. Afinal, não é fácil camuflar que o complexo traria aumento de problemas sociais (Veja entrevista com o professor Rui Rocha aqui: https://blogdogusmao.com.br/2011/10/19/rui-rocha-muitos-problemas-novos-surgirao-com-o-porto-sul/ ). O oudoor de divulgação do porto sul, onde figura o ator intérprete de pescador com um enorme peixe Vermelho, comunica bem que essa empreitada acarretará na extinção de duas espécies valiosas: o peixe e o pescador.

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